Boletim Carvalhaes N°43 de 23/10/2020

carvalhaes
23/10/2020
Publicado em

Santos, 23 de outubro de 2.020 – ano 87 – número 43.

Tivemos mais uma semana com o mercado de café em compasso de espera. Chuvas esparsas caíram nas diversas regiões brasileiras produtoras de café, mas ainda irregulares e, principalmente, insuficientes. Esse padrão deve continuar nos próximos dias.

Os cafeicultores já dão como certa a quebra da produção na safra brasileira do próximo ano. Nossa safra 2021/2022 já era projetada como menor do que a deste ano, devido ao ciclo bianual de produção de nosso arábica. Em um ano os cafezais se desgastam com uma safra maior e no ano seguinte produzem menos em um processo de recuperação e recomposição de força
dos cafeeiros.

Soma-se ao desgaste natural do parque produtivo, após o esforço redobrado em um ano de ciclo alto, a adoção por muitos cafeicultores da estratégia de safra zero, com o objetivo de derrubar os custos em ano que teriam baixa produção. Este ano, com a prolongada seca e alta temperatura média, temos um bom número de produtores que estão optando por uma poda tardia.

É preciso registrar ainda que foram perdidos, em grande parte, os cafezais novos, dos recém-plantados aos com até dois anos, que no próximo ano ajudariam os produtores a terem uma safra de ciclo baixo um pouco maior.
A consequência do quadro de seca prolongada e temperaturas elevadas, acima da média, em um ano de safra alta, que desgastou o parque cafeeiro, é que em 2021 teremos uma quebra maior, mais severa, e uma área menor em produção.

Estamos chegando ao final de outubro, as chuvas ainda não se normalizaram, as temperaturas vão subir cada vez mais, aumentando a evaporação, e o déficit hídrico permanece expressivo. O estrago está feito, mas pode ainda aumentar. Só em março próximo poderemos dimensionar as perdas com mais precisão.

As incertezas com a chegada gradual das chuvas sobre os cafezais brasileiros estão levando os operadores na ICE Futures US em Nova Iorque a uma ação mais cautelosa, colocando o mercado de café em compasso de espera. As informações diárias sobre chuvas dispersas, irregulares, aqui no Brasil trazem insegurança aos operadores. Muitos não conhecem produção
de café e imaginam que as chuvas resolvem tudo. Também as informações sobre o agravamento da covid-19 na Europa, com a chegada de uma segunda onda, turvam o horizonte. Agora já aparecem técnicos afirmando que a letalidade da covid-19 caiu bastante, o que pode levar a restrições menores na circulação de pessoas. Nesse quadro, os operadores só se interessam pelo curto prazo, pelo dia a dia das operações.

O mercado físico brasileiro permaneceu calmo, praticamente paralisado, com poucos negócios fechados. Trabalhou assim por toda a semana passada e manteve a mesma calmaria nesta semana. Os produtores, em sua maioria, continuam aguardando a regularização das chuvas antes de decidirem o que farão com seus lotes de café. As bases oferecidas pelos compradores, apenas acompanham o sobe e desce das cotações na ICE e do dólar frente ao real. Continuam não atraindo vendedores.

Ao contrario dos operadores nas bolsas de futuro, os cafeicultores sabem bem o que está acontecendo nos cafezais. Também acompanham a forte alta dos insumos e a queda do valor do café quando comparado com o preço da soja, do milho e da arroba do boi. Vão aguardar um cenário mais claro e preços melhores que os ajudem a sustentar suas lavouras em 2021,
quando terão queda na produção.

Até dia 22, os embarques de outubro estavam em 1.164.053 sacas de café arábica, 296.628 sacas de café conillon, mais 61.556 sacas de café solúvel, totalizando 1.522.237 sacas embarcadas, contra 1.749.109 sacas no mesmo dia de setembro.

Até o mesmo dia 22, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 3.010.874 sacas, contra 3.166.083 sacas no mesmo dia do mês anterior. A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 16, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 23, caiu nos
contratos para entrega em dezembro próximo 165 pontos ou US$ 2,18 (R$ 12,27) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 16 a R$ 800,57 por saca, e hoje dia 23 a R$ 786,02. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 110 pontos. No mercado calmo de hoje, são
as seguintes cotações nominais por saca, para os cafés verdes, do tipo 6 para melhor, safra 2020/2021, condição porta de armazém:

  • R$570/620,00 – CEREJA DESCASCADO – (CD), BEM PREPARADO.
  • R$530/570,00 – FINOS A EXTRAFINOS – MOGIANA E MINAS.
  • R$500/530,00 – BOA QUALIDADE – DUROS, BEM PREPARADOS.
  • R$460/490,00 – DUROS COM XÍCARAS MAIS FRACAS.
  • R$430/460,00 – RIADOS.
  • R$380/390,00 – RIO.
  • R$390/410,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: DURA.
  • R$380/390,00 – P. BATIDA P/O CONSUMO INT.: RIADA.
  • DÓLAR COMERCIAL DE SEXTA-FEIRA: R$ 5,6270 PARA COMPRA.

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