O último dia do 30º Encontro da Indústria de Café (ENCAFÉ), organizado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), e com patrocínio do SEBRAE, teve início com o tema “Café sem fake”. O painel, composto por Ana Bonassa e Laura Marise, do canal Nunca Vi 1 Cientista, mediado por Giuliana Bastos, Consultora de Comunicação de Estratégia da ABIC e Co-criadora do São Paulo Coffee Hub, e por Ricardo Maruo, Publicitário e Especialista no combate à desinformação, tratou sobre os motivos pelos quais devemos nos preocupar com a disseminação de informações falsas sobre o café.
Maruo explicou que quando aumentou o preço da bebida, os chamados ‘coaches do café’ ampliaram a sua presença digital. Tais pessoas criticam o café tradicional e, ainda, afirmam que ele é prejudicial à saúde. Além disso, entre janeiro e março deste ano, surgiram os ‘coaches de saúde’ , ou seja, pseudo nutricionistas e pseudo profissionais da área de saúde que falam mal da bebida, o que favoreceu o crescimento da incerteza entre os consumidores”, explicou Maruo.

O papel da ciência
“Pegamos a ciência e explicamos de forma descontraída para os nossos seguidores nas redes sociais. Entendemos que faz parte do trabalho de um cientista a tarefa de combater a desinformação. Diariamente, chegam vídeos para a gente com temas absurdos, então, pegamos esse conteúdo e desmentimos, agimos de forma combativa. A importância disso é que podemos ter voz, podemos e devemos falar”, contou Ana.
Já Laura comentou que “Chegou uma onda de vídeos afirmando que o café descafeinado era veneno e passamos a desmentir essa informação. O tema sobre o café foi a caixinha de perguntas do nosso perfil que rendeu mais dúvidas na história do canal. Por isso, criamos uma série para poder responder todas essas pessoas”.
Giuliana fechou o painel em tom de incentivo à produção desses conteúdos. “Apoiar divulgadores que fazem um trabalho sério já é um grande passo para contribuir com o acesso à informação”, finalizou.
Marketing Cafés do Brasil
O Painel ”Marketing Cafés do Brasil” contou com as presenças de Celírio Inácio, Diretor Executivo da ABIC, Agnaldo José de Lima, Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), Marcos Matos, Diretor Geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), Ademar Pereira, Vice-Presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Guilherme Campos Júnior, Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Agnaldo destacou que a estratégia de branding dos “Cafés do Brasil” tem de refletir os valores de sustentabilidade, qualidade e diversidade. “O foco será fortalecer a imagem do Brasil como líder global de café sustentável, destacando os indicadores ESG e o comprometimento da cadeia produtiva com o desenvolvimento socioambiental e cultural da cafeicultura brasileira. Além disso, enfatiza a qualidade, as diversas origens, as indicações geográficas e a diversidade de características de terroir, sabores e aromas que definem o café brasileiro”, explicou.

Sustentabilidade e economia circular no setor cafeeiro
Luiz Grillo, Fundador da Yattó, trouxe o tema “ESG – Economia Circular Aplicada aos Negócios de Café”, e apresentou a experiência da empresa com a circularidade das embalagens.
“É possível reciclar cada tipo de embalagem a fim de levar os grãos até a mesa do consumidor. Trouxemos a embalagem flexível, que leva o grão e o café moído até o cliente. Conseguimos transformá-las em madeira plástica e chapas ecológicas, itens que podem se tornar um mourão em uma fazenda. Também expusemos a reciclagem das cápsulas de plástico e de alumínio. Até o material orgânico que fica ali pode virar um insumo agrícola novamente. Por fim, apontamos como dá para reciclar o big bag (embalagem grande utilizada no transporte de grãos). Com a reciclagem, novos big bags são produzidos”, explicou.
Em seguida, foi a vez da divulgação do Primeiro Levantamento da Pegada de Carbono de Café Torrado e Moído no Brasil. Anna Lúcia Mourad, da TSW Consultoria, e uma das responsáveis pelo estudo, dividiu com o público a pesquisa. O trabalho teve como objetivo a elaboração de uma ferramenta que pudesse auxiliar os associados da ABIC a dar diretivas para a melhoria de seus próprios indicadores ambientais.
“A partir dos dados levantados, a consultoria desenvolveu um modelamento matemático para automatização dos cálculos e estimativa dos indicadores ambientais apresentados, chamado de Simulador da Pegada de Carbono do Café Torrado e Moído. A empresa Animgrafs converteu o modelamento em uma plataforma on-line que será disponibilizada aos associados da ABIC brevemente”, contou Anna Lúcia.
A consultora fez questão de mencionar toda a equipe envolvida no trabalho: Christianne Monteiro, Coordenadora de Projetos e Sustentabilidade da ABIC, Paula Tavares, Consultora em Sustentabilidade da MFT Conagro, e Roberto Nagano, Desenvolvedor de Sistemas da AnimGrafs.

Em seguida, mais um painel sobre sustentabilidade. Tatiana Motta, Coordenadora de Projetos da Reservas Votorantim, apresentou “De olho na Sustentabilidade – Logística Reversa no Brasil e Neutralização das Emissões”.
Tatiana contou sobre o pioneirismo da Reservas Votorantim no mercado de carbono. “Implementamos o primeiro projeto de REDD+ no cerrado brasileiro e lançamos uma metodologia inédita para geração de créditos de carbono via pagamento de serviços ambientais na Mata Atlântica”.
Um dos Projetos de Neutralização também foi mencionado pela coordenadora. “Atuamos na restauração de 29 ha no Parque Estadual Carlos Botelho (SP), além da redução de emissões de 11 mil tons para 6 mil tons. A intenção é zerar as emissões até o final de 2025”.
Cases de sucesso e incentivo aos empreendedores
Wilton Bezerra, CEO da Cheirin Bão, e João Branco, ex-VP de marketing do McDonald’s, também participaram do evento e compartilharam suas histórias de sucesso nos empreendimentos durante as palestras “O Empreendedorismo Muda o Mundo” e “Desmarketize-se: Redefinindo estratégias de marketing”, respectivamente.
“Lembrem-se sempre que as pessoas precisam do seu trabalho, independentemente do que seja. Se você não fizer direito, alguém será afetado. Pensar dessa forma mudou a minha relação com a minha profissão. Eu vi que é possível combinar performance com propósito. Cada vez que você entrega um produto, uma análise e uma reunião, você entrega um pouco de você. Portanto, a dica que eu dou é: trabalhe com excelência e com o coração”, destacou Branco.
Já Bezerra comentou: “Quanto mais eu transformo a vida das pessoas, mais eu cresço. Sempre tem algo para ser feito ou melhorado no negócio e sempre existirão novas formas de fazer. Você pode estar bem no que faz, mas não tem algo para melhorar? Ou para iniciar? Na Cheirin Bão, trabalhamos com tradição e originalidade em conjunto e esse é o segredo para o sucesso”.
Café e o relacionamento com a imprensa
Claudia Abreu Campos, Fundadora da Usina da Comunicação e Assessora de Imprensa da ABIC, e Paulo André Kawasaki, Gerente de Comunicação do CECAFÉ fizeram uma roda de conversa com o tema “A importância de uma boa gestão com a imprensa”. Durante o encontro, foi abordado a relevância do trabalho da assessoria para a construção de um bom relacionamento com as redações, inclusive, em momentos de alta demanda, como o que foi visto nos últimos meses com a alta do preço do café e o surgimento do café fake. Além disso, os especialistas debateram as últimas mudanças na comunicação, como o imediatismo e os novos formatos de noticiar.
Gestão de pequenas torrefações
Silvia Magalhães, da SM Cafés Especiais, apresentou o painel “Gestão de Pequenas Torrefações”. Em sua explanação, ela destacou a competição difícil entre empresas de torrefação pequenas e grandes. “Quanto mais produtos você produz, tudo fica mais barato, pois você pode contar com a automação. Na micro, é tudo muito manual e acaba sendo mais custoso. Portanto, a competição é difícil e o planejamento precisa ser mais cuidadoso e estratégico. Por isso, é importante diminuir custos, reduzir processos e ganhar eficiência para que o negócio seja lucrativo. Além disso, entenda o mercado local e busque oportunidades, seja on-line ou física”, explicou.
Do grão à excelência
Marcia Yoko, Sócia da ULT Coffee Roaster Japão, compartilhou a história de participação de Boram Um, integrante da sua equipe, no Campeonato Mundial de Baristas, também chamado de World Barista Championship (WBC). “Quando decidimos participar, o objetivo era ter benefícios diretos para a fazenda, mas, também, deixar um legado, um marco, para o mercado brasileiro. Nos planejamos por cinco anos e, em nossa primeira participação, em 2021, ele ficou em 16º lugar. Em 2022, conseguimos o 7º lugar e, no ano seguinte, foi o grande vencedor do campeonato. E a reflexão que eu faço é que existem algumas metas que a gente precisa contabilizar e trabalhar a nossa autoconfiança para atingir o nosso melhor”, disse.
Premiação, sorteio e encerramento
Após três dias de uma disputa acirrada, o resultado da segunda fase da etapa Campinas/São Paulo do 3º Campeonato Brasileiro de Blends de Café marcou o encerramento do 30º ENCAFÉ. Os competidores Elder Caetano Oliveira Júnior, da Nuance Araguari, Larissa Emanoela Rinco, da Horlando Agro Coffee Ltda., e Luiz Henrique Araújo Oliveira, da Café Forte de Minas foram os classificados e vão para a grande final, que terá o local anunciado em breve. . Além disso, houve o sorteio de dois torradores (um da Carmomaq e um da Rural Maq).

Por fim, Pavel Cardoso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) encerrou o ENCAFÉ em tom de agradecimento e celebração. “O nosso novo formato de evento foi um sucesso. Alcançamos quase 1.000 inscritos, algo inédito para o ENCAFÉ até então. Estamos muito felizes com a conquista. Agradecemos a todos os participantes e aguardamos vocês na próxima edição”, finalizou.
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