Mendonça de Barros prevê crescimento de 1,6% do PIB em 2020

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07/11/2019
Publicado em

Agência Safras

Una, 07 de novembro de 2019 – O Brasil deverá ter um crescimento econômico pequeno em 2019, de 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto), melhorando um pouco em 2020 (1,6% de crescimento) e tendo maior aceleração em 2021. Essa foi a análise e estimativa apresentada pelo economista e consultor José Roberto Mendonça de Barros em palestra durante o 27º Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que ocorre de 06 a 10 de novembro no Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba, no município de Una, na Bahia. Ele acredita em desempenho ainda melhor em 2019/20 pelas melhores taxas, enquanto o crédito fora do Funcafé está mais caro no setor privado.

Mendonça de Barros disse que se o Brasil crescer será por conta do mercado interno. Ele passou uma mensagem que é possível sim a retomada do desenvolvimento sustentada no Brasil. O país teve uma recessão nunca vista antes, em 2015 e 2016, com crescimento negativo do PIB. “E nunca tivemos uma saída tão lenta também”, salientou, observando que o Brasil cresceu 1% em 2017 apenas, 1% em 2018 e terá crescimento de apenas 0,9% em 2019.

Para o crescimento sustentável, o economista diz que o Brasil precisa continuar com as reformas. A Reforma Previdenciária foi finalizada no Congresso, agora precisam haver algumas reformas nas regras orçamentárias para reduzir despesas. “Por falta de consenso, a reforma tributária pode demorar bem mais”, adverte. É preciso ainda mudanças nas leis de infraestrutura, principalmente nos setores de telecomunicações, gás e petróleo, abastecimento de água e esgoto.

“Uma redução na dívida fiscal é fundamental. Estas reformas melhorariam a expectativa e os investimentos”, observou. Se o país seguir nesse caminho de reformas e mudanças estruturais, ele acredita em crescimento de 1,6% do PIB em 2020, acelerando em 2021 para 2,8% e podendo chegar a 3,1% em 2022.

Os riscos desse cenário envolvem a crise externa, os conflitos políticos atrasando a agenda legislativa e elevando as incertezas, pondera Mendonça de Barros. Mas ele procurou passar uma mensagem de que é francamente possível este crescimento sustentado. “A melhora do mercado interno será a grande fonte de crescimento”, concluiu.

Falando sobre o mercado internacional, Mendonça de Barros destacou que a economia global está desacelerando e passa por um período de maiores riscos. “O maior problema é a política externa do governo americano de Donald Trump, muito agressiva e instável, o que traz insegurança global”, comentou. E isso leva a queda nos investimentos, reduzindo o crescimento econômico.

O economista citou dados do FMI do crescimento do PIB projetado, indicando que o mercado mundial deve crescer 3,0% em 2019, contra e 3,6% em 2018, Mas deve aumentar 3,4% em 2020. Nos Estados Unidos o crescimento deve cair de 2,9% em 2018 para 2,4% em 2019 e para 2,1% em 2021.

“O conflito com a China é o mais relevante. É uma disputa de potências, centrada na tecnologia e poder”, destacou, indicando por enquanto apenas as chances de um acordo parcial, com tendência do conflito continuar.
Outro aspecto salientado pelo economista foi o impacto da gripe suína africana, que afetou duramente o rebanho chinês, consolidando a posição do Brasil como grande, talvez maior, fornecedor confiável de alimentos. “Um acordo parcial entre EUA e China não altera isso”, ponderou.

O conflito comercial vai demorar a ser resolvido. Mendonça de Barros diz que nesse meio tempo, deve ser ampliado o papel do Brasil como fornecedor preferencial de alimentos. “Isso advindo do desastre na produção de carne chinesa e dos problemas climáticos nos Estados Unidos”, avalia.

Sobre os EUA, Mendonça de Barros aponta que a economia ainda cresce bem. “Os otimistas dizem que não haverá inflação, que o FED vai baixar os juros e que o ciclo ainda andará por um ano, havendo a reeleição de Trump”, apresentou. Porém, os pessimistas, e Mendonça de Barros partilha desse pensamento, “dizem que a guerra comercial causará danos relevantes, que a inflação pode subir e os juros não vão cair tanto, e nesse cenário Trump perde a eleição”. O economista alerta que depois de 10 anos de crescimento, pode haver um desarranjo vindo de áreas financeiras, com queda em valor de ativos. “Pode vir uma recessão”, alerta.

Fonte: Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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